segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A governabilidade não pode se sobrepor a ética

A suposta “governabilidade” está saindo por um preço muito alto para o governo e para os partidos do campo da esquerda que o apóiam. O próprio PT, já perdeu dois senadores por conta desse apoio incondicional ao presidente do Senado José Sarney (PMDB/AP). Não podemos cair na armadilha montada pelo PSDB para colocar a opinião pública contra o que seria uma incoerência, o apoio de partidos do campo popular e progressista a um velho coronel, marcado por práticas oligarcas de apropriação de cargos públicos para distribuição aos seus familiares e correligionários, para manter seus feudos regionais.

A sociedade começa a cobrar essa fatura, pois não tem cabimento em nome de uma suposta governabilidade fecharmos os olhos para tantas denúncias contra o velho oligarca maranhense. Algumas denúncias são muito graves, e precisam ser apuradas a fundo, tanto pelo Ministério Público, quanto pelo próprio Senado Federal. Afinal, se pelo menos uma das denúncias forem comprovadas, ficará mais do que caracterizada a falta de decoro, e como conseqüência, a incapacidade de o Senador Sarney continuar presidindo o Senado brasileiro.

Não devemos condenar antecipadamente ninguém, no entanto, não podemos referendar a absolvição de cidadão algum que tenha denúncias contra si, sem pelo menos abrir o processo de investigação. Principalmente quando estamos tratando do presidente de uma instituição tão importante para o País. Os princípio éticos precisam prevalecer a tudo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A composição do Senado e a crise

A crise no senado brasileiro talvez seja um reflexo de sua própria composição. Segundo levantamento da Folha de São Paulo, e usado em matéria de Fernando Barros de Mello e Pedro Dias leite, 27 doa 81 senadores tem algum tipo de problema com a Justiça. Realmente não é possível esperar isenção nos julgamentos de colegas com uma composição parlamentar tão comprometida com ações supostamente ilícitas. O que piora ainda mais o desempenho da Casa é o grande número de suplentes, que apesar estarem senadores, não tiveram um único voto para isso. Ou seja, a maior crise não é política, como alguns teimam em afirmar, o problema é estrutural. Não podemos encontrar coerência nas ações de senadores que foram diplomados em um processo incoerente.

O Brasil precisa de uma reforma política completa urgentemente, e não apenas esse arremedo que tramita na Câmara dos Deputados. Não podemos mais admitir que pessoas que tenham algum problema com a Justiça busquem em um mandato parlamentar o porto seguro que precisam para escapar das acusações. Da forma como as coisas são feitas atualmente temos que conviver, por exemplo, com um Vice-presidente do Senado da República, senador Marconi Perillo (PSDB-GO), que responde a dois inquéritos no STF por irregularidades em licitação pública e crime contra a administração. E nas Comissões Especiais, a coisa não é diferente. Temos vários senadores com problemas judiciais que são vice-presidentes ou até mesmo presidentes, como é o caso do senador Fernando Collor (PTB/AL), presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura, que responde a processo por falsidade ideológica, peculato, tráfico de influência e corrupção ativa. Todos negam as acusações, entretanto, enquanto não tivessem sido inocentados, deveriam estar impedidos de concorrer a qualquer cargo público.

Ou mudamos as regras, ou corremos o risco de a população perder a confiança definitivamente nesta instituição que é tão importante para a democracia e para o Brasil. Não podemos aceitar que um terço do Senado atualmente tenha pendências judiciais.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Tropa de choque tenta segurar Sarney

Os aliados do senador José Sarney (PMDB/AP), esperavam que com o recesso parlamentar, o velho oligarca tivesse uma folga. No entanto, o que se viu foi um verdadeiro derrame de denúncias contra o presidente do Senado, sua família, e os velhos vícios dos coronéis em suas ligações com o Poder. Agora, com o reinício das atividades no Congresso Nacional, e a volta dos senadores à tribuna da casa, os discursos pedindo a renúncia do presidente Sarney voltaram a aparecer. Para tentar neutralizar essa tendência, os aliados de Sarney partiram para o ataque logo no primeiro dia após o recesso contra todos os senadores que se dispuseram a pedir pela renúncia do presidente Sarney. Com essa manobra, a tropa de choque do senador maranhense espera segurá-lo na presidencia da casa.


Nesta segunda-feira, o plenário do Senado foi palco de uma cena estranha até para o parlamento brasileiro - envolvido em tantos escândalos. Com discursos acalorados e frases com duplos sentidos e até de natureza chula, como a que o ex-presidente Collor endereçou ao senador Pedro Simon. "São palavras que eu quero que o senhor as engula e as digira como achar conveniente." Com a posição adotada por seus aliados de partir para o ataque, Sarney espera intimidar seus adversários e sair do centro do furacão.


O pior em tudo isso, é que enquanto os coronéis se digladiam e disputam por espaço no Senado, a casa continua parada e gastando o dinheiro dos contribuintes.