A sabedoria popular tem um ditado que
explica o nanismo e o processo de autofagia em que se encontra no Maranhão o
maior partido de esquerda da América Latina. “Quando olhares um jabuti em cima
da árvore ou foi enchente ou mão de gente”. Na luta pelo controle da burocracia
partidária dirigentes passam por cima dos membros que estão na base do Partido,
sustentando toda a máquina sem, no entanto, dar a eles sequer o direito a serem
ouvidos.
São trocas de afagos muitas vezes
nada republicanos que proporcionam a ascensão de
uns a cargos que deveriam servir à sociedade e não a si próprio e o assassinato
moral de outros que ousam pensar na construção partidária de forma democrática
e respeitosa.
A ingerência de Flavio Dino no PT do
Maranhão por conta da caneta de governador não permitiu que as bases fossem
ouvidas na questão de tática eleitoral para discutir candidatura para
governador ou mesmo para a indicação do vice, impondo Felipe Camarão para a
vaga de vice na chapa com Brandão; operou também para sufocar a discussão sobre
a candidatura ao senado, de interesse do sociólogo Paulo Romão, sem dar espaço até
mesmo para o debate sobre a suplência, asfixiando completamente a democracia
interna e como consequência vimos o desastre eleitoral do PT maranhense nas
eleições de 2022, em que mesmo as lideranças consolidadas e históricas ficaram sem mandato.
O que hoje acontece no PT do Maranhão
não é novo, basta lembrar como o ex-sindicalista Washington Oliveira (WO)
trocou a militância partidária por um cargo vitalício no TCE, passando a perna
nos companheiros de Partido que esperavam que ele disputasse uma vaga na câmara
federal e assim ajudasse a eleger uma bancada forte em Brasília e puxasse votos
também para a assembleia legislativa e por consequência ajudasse o
fortalecimento do Partido no Estado.
O pior é que mesmo tendo feito a
escolha pelo TCE, WO continuou a controlar a máquina partidária, dessa vez
usando o Francimar Melo como preposto. A escolha dos indicados do PT aos cargos
no governo de Carlos Brandão desnudou a falta de compromisso com o Partido e
com a sociedade.
Segundo fontes internas do próprio PT,
depois que as forças internas já haviam pactuado a indicação de nomes para
compor o governo Brandão, respeitando a proporcionalidade e a capacidade
técnica para os cargos, o conselheiro ligou para o presidente Francimar para
vetar os nomes do professor Chico Gonçalves, de Zé Antonio Heluy e do ex-Reitor
do IFMA, Zé Costa. Com a manobra, os novos indicados seriam: Felipe Camarão
para a SEDUC, Henrique Sousa para a SETRES, Genilson Alves para a SEDIHPOP e
Cricielle Muniz para o IEMA.
Ainda segundo a fonte, o golpe foi para
isolar o deputado Zé Inácio, fortalecer a posição de Francimar no comando do
Partido e com isso o conselheiro continuar a dar as cartas na sigla.
Para tentar desnudar o golpe, Zé
Inácio, Chico Gonçalves, os vereadores do Coletivo Nós e vários dirigentes petistas
enviaram documento ao governador Brandão reafirmando a indicação do professor
Chico Gonçalves para a SEDIHPOP e Zé Antonio para a SETRES.
Com esse imbróglio na mão, o
governador acatou e anunciou os nomes de Felipe Camarão para a SEDUC, Cricielle
Muniz para o IEMA, Henrique Sousa para a SETRES e Lilia Raquel para a SEDIHPOP.
Informações extra oficiais dão conta de
que o nome de Genilson Alves foi vetado também pelo PSB, mais especificamente
pelo ex-prefeito de São Mateus Miltinho Aragão por causa de disputa paroquiana no
município justamente com Genilson, que também pretende ser candidato a prefeito
em 2024.
Essa situação demonstra claramente
que a autofagia e ingerência externa estão diminuindo a sigla e sua relevância no
Estado mesmo sendo o Partido do presidente LULA, que teve mais de 60% dos votos
no Maranhão.
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